TRICOTANDO

O protótipo foi inspirado no entendimento do conceito de Dasein, compreendido aqui como o ser-no-mundo. Um processo imerso em um contexto e moldado pela relação entre neta e avó, agulha e linha, tricotar e conversar, compreender e interpretar. O primeiro entendimento foi, através de um exemplo, como realizar o nó mais básico do tricô. Ao fazer, percebi que não só é importante a precisão da mão que comanda a agulha, mas também da outra mão que cuida do processo de apertar e afrouxar a linha. Entrelaçar, soltar e puxar, entre tantos movimentos manuais, entendi que o sentido daquela atividade tão complexa para mim e tão fácil para minha avó, não estava no resultado, o objeto aqui exposto, mas sim, na relação que estava sendo construída aí. Naquele momento minha vó compartilhou histórias de como aprendeu essa arte com a sua mãe, as lembranças dos momentos que tricotava com ela, de como admirava a história de vida dela e até reflexões de como hoje os ensinamentos que passamos adiante são tão diferentes do passado. O processo mudou a minha perspectiva do sentido da arte de tricotar, a produção de conexões, não somente dos nós que materializam o objeto final, mas também das conexões entre pessoas que estão presentes ali no momento compartilhando histórias, conhecimentos e reflexões.