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“Sentir em rede”

Atualizado: 5 de out. de 2021

[Temática de projetos 2020] Por Dra. Debora Barauna e Dr. Guilherme E. Meyer Desafiados pelo contexto da Covid-19, que dinamizou a transformação digital e provocou a necessidade de problematizar novas formas de sentir no design, construímos a seguinte provocação aos alunos:


Como projetar em tempos de sentir em rede?

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O filósofo italiano Mario Perniola, em seu livro Do Sentir (1993), abordou a orientação da estética não através de uma relação privilegiada e direta com as artes, mas associada a um campo estratégico que não se constitui como cognitivo nem prático, mas da esfera do sentir. Tal premissa nos leva a pensar que, se antes o poder estava no saber e no agir, este agora estaria voltado para o sentir, sobretudo após o incremento da cultura digital, que inaugurou novas formas de sentir, em redes formadas por atores e actantes (LATOUR, 2012) de naturezas diversas – humanas e não humanas.
[...] Segundo Di Felice (2019), tal pensamento se traduz como um sentir nem humano nem técnico, um sentir híbrido, inovador, muito importante para definir a complexidade das relações no contexto ciberconectado, composto por indivíduos, dispositivos, fluxos informativos, plataformas, sensores e dados que interagem entre si para construir uma ecologia do sentir (MAGALHÃES, 2019, p.89).

Uma referência é o projeto “Letters to the Earth” apresentado pela publicação “Sentir em rede: Net-ativismo estético na ação colaborativa” da comunicadora social Marina Magalhães (2019). Este serve aqui como inspiração didática, ilustrativa, muito embora, exista a preocupação comum de demonstrar tanto na transformação digital como no Net Ativismo e na experimentação em design estratégico que agentes não humanos (ANH) tal como os artefatos (constituídos de materialidade e aspectos imateriais) não são meros instrumentos, um ferramental para o agir humano (AH), mas, sim, agentes ativos, actantes no processo, como conceitua Latour (2012), e híbridos na visão de Meyer (2018); Di Felici (2017) e Schlemmer et at. (2020). Trata-se também de um hibridismo entre a técnica e o social na perspectiva de Meyer (2018) sobre a experimentação no design estratégico, sobrepondo mundos materiais e imateriais em propostas sociotécnicas.


Assim, ao trazer a experimentação no design estratégico para uma realidade hiperconectada propõe-se uma hibridação entre os mundos biológico, físico e digital, sendo esta uma característica dessa realidade “que interliga natureza, técnica e cultura” (SCHLEMMER et al., 2020, p.8).


Referências


DI FELICE, M. Entrevista a Massimo Di Felice (concedida a Marina Magalhães). In: GOMES, C.; MAGALHÃES, M. (org.). INTERACT - Revista Online de Arte, Cultura e Tecnologia. Lisboa: Centro de Estudos de Comunicação e Linguagens e CIC. Digital, Pólo FCSH, n. 30, jan.-jul. 2019. Entrevista. Disponível em: http://interact.com.pt/30/ entrevista-a-massimo-di-felice/. Acesso em: 15 mai. 2019.

DI FELICE, M. Net-ativismo: da ação social ao ato conectivo. São Paulo: Editora Paulus, 2017.

LATOUR, B. Reagregando o Social: uma introdução à Teoria do Ator-Rede. Salvador, Bauru: Edufba, Edusc, 2012

MAGALHÃES, M. Sentir em rede: net-ativismo estético na ação colaborativa Letters to the Earth. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG. v.9, n.18, nov.2019.

MEYER, G. A Experimentação como Espaço Ambivalente de Antecipação e Proposição de Controvérsias. Revista Estudos em Design. Rio de Janeiro: v.26, n.1, p. 29–47. 2018.

PERNIOLA, M. Do Sentir. Lisboa: Editorial Presença, 1993.

SCHLEMMER, E., MORGADO, L. C., ANTôNIO, J., MOREIRA, M. Educação e Transformação Digital: o habitar do ensinar e do aprender, epistemologias reticulares e ecossistemas de inovação. Interfaces da Educação, v. 11, n. 32, p. 764-790, 2020



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