Recipientes e Atmosferas

Como é apresentado no texto "In this regard, there is notable potential in bringing the concept of atmosphere into this debate" (MEYER; RACHE, 2023, p.1). Dentro do contexto do design experimental existe uma potência reconhecida, por algumas pessoas pesquisadoras, em protagonizar o conceito de atmosfera. A partir disso, é proposta uma conexão reflexiva com o protótipo criado para a aula 2 e o tema da minha pesquisa de mestrado, que retrata sobre a criatividade através da perspectiva da identidade de artistas negras de Porto Alegre (RS).

O texto leva em conta a visão de Bohme e Hirschfeld, a fim de valorizar o conceito de atmosfera na concepção do processo de design. Segundo o texto, a atmosfera é um conceito pouco trabalhado na área de design e possui mais prestígio na arquitetura e na filosofia. Entretanto, sua presença é fundamental principalmente no campo da experimentação, visto que a construção da aura é algo importante para a realização do design experimental. Necessário resgatar que para Walter Benjamin (1936) a aura é da ciência do aqui e do agora, ou seja algo que não pode ser reproduzido. Para Benjamin (1936) é o que diferencia a arte da mercadoria. Nesse contexto, pode-se dizer que a atmosfera e a aura são conceitos que se complementam.

Diante desses argumentos, o protótipo criado foi inspirado nas diferenças dos conceitos de atmosfera de unitarização (envolvimento e processualidade), atmosfera de inquietação e o tema da minha dissertação. O que nota-se nas atmosferas, é que independente do formato, de modo subjetivo, o que elas têm em comum é o ar. Sendo assim, dois recipientes foram escolhidos para o protótipo: um saco plástico e uma garrafa transparente. Em cada um deles foi colocado glitter para representar as artistas negras, num sentido de dar brilho, valorização e protagonismo para essas mulheres.

(glitter em contato com os recipientes)

A partir disso, se os recipientes não contarem com a presença do ar o glitter não irá se locomover no espaço, entretanto, se o glitter tiver a oportunidade de ter contato com o ar, através de um assopro, por exemplo, ele irá explorar o espaço do reservatório em que estiver presente.

(recipientes e glitter em interação com o ar)

Esse protótipo também abre a possibilidade de outros movimentos, no sentido de se ter outros recipientes para atuarem como atmosferas e outros instrumentos, para além do glitter, para serem atores do protótipo. Também abre a possibilidade de ser implementado em outras circunstâncias.

Para a finalidade de exercício, considero que a experiência foi importante, visto que não havia prototipado algo de forma experimental antes.

Referências:

BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4179833/mod_resource/content/1/A%20OBRA%20DE%20ARTE%20NA%20ERA%20DE%20SUA%20REPRODUTIBILIDADE%20TÉCNICA.pdf>. Acesso: (Julho/2024)

MEYER, G. & NAVARRO, C.. Experimental Design Atmospheres, Design and Culture, 2023. DOI: 10.1080/17547075.2023.2279826