Tensões: O eu e as coisas
- Daniela Dann
- 16 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Partes do conteúdo retiradas de:+ARTE on Vimeo
Ah, a tensão! Como em uma roda gigante, imagino estar prestes a alcançar o céu. De repente, estou no chão. Observo a não finitude do conjunto de palavras a minha frente. Qual o estado do dever ser que me quer comunicar? Assumo a dúvida, assumo um estado provisório, (mas) interrompo a leitura. Me concentro no dia de hoje. O eu e o espaço. Que coisas eu permiti habitar o meu dia? De repente me dou conta de ações, nada além disso. Tento outra abordagem. O que habita comigo no espaço em que estou agora? Vejo muitas coisas, mas tenho dificuldade em recordar porque eu permiti muitas delas de estarem ali. De repente, sinto que não estou completamente no comando. Como o liquidificador (era um liquidificador?)do texto, imagino que seja preciso compreender os componentes para interpretá-los. Escolho uma caneta bic e minha luminária prateada. Parecem ter uma dicotomia semântica que vai muito além de estética, de forma ou de função. Não faço a menor ideia de como, ou quando, comprei a caneta. Ela habita na segunda prateleira, em um pote de cerâmica com um coração vermelho. Um convite para um caderno ou uma folha em branco. Me ocorre, neste instante, que ela projeta(ou) um tipo de aprendizagem, explícito e não questionável (meu eu estar no mundo afirma). Infelizmente fadado ao desuso em uma ou duas gerações.
Já em relação à luminária, eu me lembro de cada detalhe. Até em como algumas nuvens encobriam o sol da tarde quando eu entrei na loja para comprá-la. Estranhamente, o valor simbólico deste objeto é o que me salta aos olhos. Seria este o exato ponto de inflexão? O momento em que a coisa inquestionável, o ser coisa que nos projeta, se abre a possibilidade de uma nova configuração projetável? Chego a conclusão de que, muito provavelmente, qualquer luminária que eu pense em fazer no futuro, terá o aspecto daquele dia ensolarado.
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