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Protótipos de um designer que não desenha


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Em minha percepção na leitura, do texto em exercício, para que seja percebido o papel do designer, em um processo projetual de geração do futuro através da prototipagem, é algo que me mantém (como leitora e designer em construção) inquieta, ansiosa, pensativa e fervorosa na vontade de perceber e “comprovar” que é possível mesmo atuar como designer em ambientes corporativos.

Como experiência vivida até o momento como uma designer, focando em inovação e transformação digital e cultural, me pego observando se, de fato, aquilo que trabalhamos e apoiamos em desenvolver em uma organização tem o olhar além do determinismo técnico. Por mais que sejam trazidas análises com ferramentas que se utilizam de olhar para o mercado e recursos disponibilizados internamente (análise SWOT, pesquisa de mercado), stakeholders - pessoas envolvidas (mapa da empatia), dores e oportunidades (storytelling), se não for explorado a essência da diversidade necessária para projetar o futuro, qualquer prototipagem desenhada, será míope e ou pontual, sem uma percepção de impacto social.

Posso exemplificar minha sensação de ambiguidade quando falamos da prática real (aplicação de mercado mesmo) dessa responsabilidade do designer, em ser o ator ativo que dá voz, por meio de atividades, aos diversos atores que compõem um processo de prototipagem. O pragmatismo, ou seja, o entendimento e análise do passado para visualizar o futuro, é possível de interpretar como uma atividade basicamente rotineira, hoje nas organizações, pois faz parte de uma estrutura capitalista que visa resultados, principalmente os financeiros. Entender as causas, os porquês de cada acontecimento, se tornam natural e consegue trazer projeções de futuro mais claras. Em metodologias disseminadas, o uso do “Duplo diamante” – ferramenta do design thinking – é possível realizar atividades que envolvem o universo em estudo, explorando a diversidade com os atores que compõem o artefato social, dando luz aos fatores imateriais, subjetivos. Porém, esta segunda etapa, onde se olha a subjetividade, é justamente o que traz a complexidade e a dicotomia da prototipagem aplicada no mundo corporativo.

Ainda no contexto do exemplo que trago, uma empresa do agronegócio que produz comodities como soja, milho. Se utiliza de recursos naturais e de pessoas para trabalho desta produção, no âmbito nacional, sendo que mais de 90% do que produz é exportado para outros países. Neste mesmo país onde é produzido milhões de toneladas de soja e milho e faturado bilhões, existe uma realidade onde 23,5% da população brasileira está em vulnerabilidade alimentar (que não há previsão da próxima refeição do dia).

Esta mesma empresa, tem como principais norteadores (i) impacto positivo (ii) solução para gerações futuras (iii) eficiência agrícola (iv) respeito ao planeta. O ponto é que hoje, dentro desta organização, mesmo se utilizando de atividades que movimentam os atores envolvidos para uma prototipagem mais diversa, pensando como design na inovação, os cenários futuros não são sociais. As movimentações de evolução e transformação são focadas para novas tecnologias que potencializam a eficiência agrícola, em menor escala trazem melhorias para um olhar mais sustentável no que tange meio ambiente, mas quais impactos para as gerações futuras não são priorizadas, o impacto positivo não é trazido do futuro para o presente para ser observado e experimentado enquanto sociedade, num nível mais complexo.

Com essa exemplificação prática, trago um pensamento que, como dito inicialmente neste texto, me inquieta: será mesmo que o designer tem, sozinho, a capacidade de movimentar e antecipar o futuro através das mediações de atores, numa perspectiva tanto técnica quanto social dentro de uma organização? Ou será que o principal objetivo não deveria ser a formação de mais e mais designer num mesmo ambiente para que realmente as prototipações sejam de fato uma representação mais aproximada de um futuro real, mesmo que complexo.

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