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Pedacinho - Experimental Design Atmospheres

O protótipo iniciou a partir de uma ideia inicial de usar a pintura como forma de expressão. Ao iniciar, estava sobre a mesa uma tela, um pincel, e seis tintas guaches; também, haviam alguns outros objetos de uso cotidiano, como aromatizadores, plantas, lápis e canetas, e um papel higiênico por um resfriado do dia anterior. Ao ver o papel higiênico, o autor pensou “porque não fazer algum tipo de escultura com isso sobre o quadro, ao manusear se decidiu por dividir as duas folhas da camada dupla do papel e, usando esse fino papel, tentar fazer alguma escultura sobre o quadro, para então ser pintada.


Pelo fato de não ter nenhum material colante, se desistiu da ideia e, ao jogar uma folha sobre a outra, por notar a sua leve transparência, logo permeabilidade, se optou por jogar as primeiras pinceladas sobre essa folha descartada; ao fazer isso, a tinta foi transferida para o papel de baixo e ainda para a mesa abaixo das duas folhas. Com isso se desbloqueou um insight, relacionado a fragmentação, No sentido de fazer uma pintura do quadro, mas que essa pintura fosse o resultado dos poucos fragmentos que perpassam as duas folhas de papel. Iniciando-se um processo experimental que se corrobora com a citação do autor onde fala “se o experimento diz respeito ao controle, o experimental diz respeito às atitudes democráticas.”


O processo de criação foi dividido em duas etapas, na primeira, o designer utilizou duas folhas únicas de papel sobrepostas, foram feitas pinceladas em cima da primeira, muitos fragmentos de tinta acessaram a segunda camada, porém muito poucos fragmentos de tinta foram capazes de alcançar a terceira camada, a tela. Por isso, no segundo momento, foi utilizado apenas uma camada de papel sobre a tela, permitindo com o que mais tinta chegasse à camada final.


Muito motivado pelo material do texto, pareceu muito simbólica a forma como apenas determinados fragmentos da pintura são acessados pelas camadas mais profundas de papel. Levando a pensar em uma metáfora onde corrobora com a ideia fenomenológica de que as experiências provenientes da atmosfera onde se está, por mais que possam ocorrer em um mesmo espaço, sempre sofrem modificações na intenção do sentido inicial pensado pelo autor que as propôs, os demais atores recebem apenas fragmentos que se conectam e geram sentido através da combinação com o seu repertório anterior.


Como citado pelo texto, “Quando Bohme (2013, 5) descreve o ato de “fazer atmosferas”, ele explica que o criador não lida com a forma dos objetos, mas apenas com a criação dos fenômenos.” Ao propor esses elementos resultantes, se percebe o simbolismo do estabelecimento das condições de base para os fenômenos que surgiram em consequência dos resultados, mas compreendendo que os mesmos serão ainda modificados em sentido pelos usuários que entrarão em contato com ele.


Ainda sobre o texto, me deparei com outra reflexão referente a um dos tipos de atmosferas citados no texto como as de Unificação. Poderia se pensar uma metáfora relacionada à questão da primeira no sentido da citação de que as atmosferas “banham tudo sob uma certa luz, unificam uma diversidade de impressões” (Bo€hme 2008, 2). Ao imaginar que cada folha de papel poderia ser uma impressão, e o quadro representar um “resultado atmosférico”, como se fosse um grande Canvas onde são captadas as particularizações de impressões de diversos autores sobre determinada coisa.


P.S. - quanto mais se reflete sobre o experimento, mais significados é possível conectar com ele. No momento em que eu estava documentando este relato, pensei também que podemos interpretar a questão da atenção que o ator presta ao espaço. Primeiramente, no experimento, no momento em que estavam se usando duas folhas de papel, e apenas poucos fragmentos de tinta chegavam à tela (terceiro nível). Porém, podemos observar no segundo momento, fragmentos mais marcantes de tinta alcançaram a tela. O que nos leva a pensar sobre a pré disposição fenomenológica dada pelo estado de se deixar ser afetado por aquilo que circunda os atores. Ao observar um espaço, a pessoa pode ter a sensação de ter captado ele por completo (como se fosse a primeira folha de papel), mas apenas após intencionalmente se deixar atingir pela atmosfera do espaço, começam a ser percebidos fragmentos da mesma composição, mas que levam o espaço para um segundo grau de profundidade e, apenas aos mais sensíveis, resta a percepção daquilo que é genuíno, aquilo que pode parecer pequeno, mas é o mais significativo. É alcançado por poucos, pode dar a impressão de pequenitude, mas é o mais significativo, que representa a mais dura trajetória, que são os fragmentos de tinta que alcançam o terceiro nível.



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