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O retorno das Cores enquanto agência da “Fome” (Ontological Designing — laying the ground)

Atualizado: 2 de mai. de 2024

Figura 1: O retorno das Cores enquanto agência da “Fome”.

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Fonte: Quiroz, 2024.


Após ler o artigo anterior sobre Atmosferas, optei por desenvolver os futuros protótipos em sequencialidade para com o primeiro. A partir do entendimento dos conceitos de ambos os artigos, o que me norteou nesse protótipo foi integrar as cores como protagonistas novamente, porém, com um claro objetivo de elucidar diversas “agências” possíveis durante sua experimentação. A agência aqui citada é conceitualizada por Tony Fry como: “Instrução de design em qualquer meio ou modo de expressão e o próprio objeto designado agindo sobre seu mundo”. Entretanto, tendo um processo criativo lúdico e muitas vezes estapafúrdio, novamente o “pensar experimentar” e o “pensar prototipar” me instruíram a continuar a narrativa do protótipo anterior.

O Mundo das Cores morreu, mas em um universo onde as cores são finitas, retornariam elas de forma que pudessem coexistir com os indivíduos que as observam e determinam se elas são relevantes ou não? As Cores retornaram - reintegrei o protótipo A -. Entretanto, em vista de não serem mal-interpretadas novamente, adequaram-se para saciar o que observaram ser essencial para seus observadores... A Fome. Pelo modo como ocorreu o fim do Mundo das Cores, elas foram tomadas pelo anseio de “cuidar para agradar”, seria essa a solução para a real interpretação das cores e aceitação de seus observadores?

A fim de refutar possíveis influências pessoais ao longo da experimentação – como ocorridas no Protótipo A – convidei uma vizinha para que interagisse e desse continuidade ao processo criativo da experimentação. Sendo assim, retomando, fui responsável pela formação de uma atmosfera unitarizada – elementos que induzissem a vizinha a seguir respectivos caminhos pré-dispostos no ambiente –, seleção de ambiente e materiais.

O ambiente escolhido foi o hall do prédio, em vista de que possui um grande corrimão para dispor os artefatos e ainda há um enorme vitral abarrotado de cores para influenciar a vizinha. Os materiais foram: o protótipo A (picotado), prato, sal, talheres, tintas, agulhas, alfinetes, tesoura, linha e folhas de revista como uma espécie de toalha – ambas as folhas foram selecionadas com ilustrações que pudessem, novamente, influenciar a vizinha (bolsas, roupas e comida) –.

Os artefatos foram apresentados para a vizinha - experimentadora convidada - apenas com as seguintes instruções e perguntas norteadoras: 1) Interaja com os artefatos e o que está em sua volta; 2) Por quê interagiu de tal forma com os artefatos? 3) Qual seria a sua percepção do objetivo desse experimento?

A experimentação continuada pela vizinha ocorreu sem adversidades – diferente do Protótipo A –, onde essa inclusive foi capaz de identificar o excesso de agências contraditórias dos artefatos que disponibilizei para ela. Porém, essa mostrou-se evitar ou ignorar certos artefatos, as tintas e o prato. Apesar do meu encantamento pessoal ao vislumbrar alguém tão interessado nessa experimentação, havia o receio de novamente não haver a interpretação do propósito do protótipo e de as cores não serem interpretadas devidamente.

Ao final da experimentação, o protótipo foi finalizado em uma espécie de flor e através das respostas da vizinha sobre as perguntas proferidas anteriormente, observou-se que as agências diversas à influenciaram a experimentar fora das normativas impostas aos artefatos. Contudo, a formação que essa possuí (artesã) a influenciou ao lidar com a agência das coisas, incentivando-a a coisar as coisas, projetando através de seus conhecimentos e experiências (áudio da experimentadora convidada anexado).


experimentadora convidada

Tais apontamentos remetem a articulação de Willis junto com os conceitos de Heidegger (2006, p. 82),

“O design ontológico — baseado em uma circularidade, na qual o conhecimento vem a ser inscrito por estar com o 'ser-projetante' de uma ferramenta, isso por sua vez modificando (projetando) o ser do usuário da ferramenta. Isso estende a compreensão do design além do que normalmente seria pensado, ou seja, a prefiguração mental do que está para ser feito e o padrão ou modelo que guia a criação.”

Para o meu alívio pessoal, a relevância emocional das Cores nesse protótipo foi identificada e experimentada, sendo observado certo tipo de cuidado ("consertar para transformar em algo") e almejo de sustentabilidade - identificando o recorte político que o Design Ontológico emprega direta ou indiretamente -da experimentadora convidada. Entretanto, em vista do resultado dessa experimentação, as Cores – novamente – não cumpriram o seu objetivo, elas não foram identificadas como “saciadoras da Fome”, portanto, as Cores e a Fome foram rejeitadas por sua observadora.

Figura 2: As Cores e Fome enquanto Cuidado.

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Fonte: Quiroz, 2024.

(PROTÓTIPO B).

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