Modos em que é possível ser

Heidegger, ser no mundo, design ontológico...estou preocupada e focada em entender o texto, decodificar seus sentidos. Olho ao redor e os materiais físicos, mesmo que diversos, não querem conversar sobre o assunto.

Uma fenomenologia-ontológica... o que isso quer dizer?

Tento ser instrumentalista e encontrar algo útil que possa me ajudar. Mas não é sobre achar uma solução e sim estar em experiência de algo. Ao meu redor estou repleta de textos com os quais posso dialogar, com outras pessoas que podem me ajudar a prototipar esse argumento.

Somos seres no mundo, diz Heidegger, não podemos nos definir por nossas propriedades. E ao passar o olho sobre a estante, lembro que Flusser já disse algo nesse sentido, sendo irônico sobre o design que se acha Deus, mas que é incapaz de desvendar as fórmulas do mundo. E me diz que o homem é apenas um inventor cheio de artimanhas, criador de coisas que se bem-feitas são tidas como reais. Mas hoje, mais do que nunca, temos que ter cuidado com a Ciência e sua mania de achar um 'como' para tudo no mundo. Estamos criando artimanhas, mas o Programa contra-ataca!

Em outro momento a Literatura, obscurecida pelas belas capas de meus livros, aparece como boa companhia nesse drama, pois ela informa, a muito e muito tempo, que o código não é o proprietário do mundo. Se a ficção, por exemplo, não é propriedade do texto, ela não precisa ser entendida como algo que não é real - sem referência no mundo ou vazia.

A ficção habita mundos ficcionais com toda a complexidade de um sistema de entidades e relações, mesmo que esses mundos sejam incompletos e cheio de lacunas. As referências não precisam se basear na verdade do mundo para que eles possam existir enquanto fenômeno.

Se pararmos de focar em construir coisas funcionais para o bem-estar do homem e de reproduzir nossos métodos instrumentalistas, o que acontecerá ao design ao aprender com esses outros modos possíveis de ser?