Me ensina alguma coisa?
- Felipe Menezes
- 9 de set. de 2021
- 2 min de leitura
Redes sociais nem sempre são sociais. Em meio ao turbilhão de informações unidirecionais orientado pelo “inbound marketing”, a tecnologia caracteriza-se mais como palco do que plateia. Tecnologia é meio, jamais fim. Pautado pela hipótese de subverter a lógica dominante de geração de conteúdo, o protótipo estimula o “não saber” como ponto de partida da interação.

Descobri que um avião geralmente decola contra o vento para gerar mais sustentação na decolagem; que a quantidade de discos desenhados no tronco de uma árvore cortada está relacionada à idade da árvore e que a adição de sal aumenta a viscosidade de shampoo (pouco relevante para quem não tem cabelo). Jantei uma receita rápida de crepioca e conheci hacks para lidar com emoções. Recebi de um profissional uma receita maravilhosa de pão (ingredientes providenciados para o final de semana). Me esforcei na tentativa de executar um tutorial para imitar a voz do Silvio Santos, sem sucesso.
A tecnologia dobradiça de uma porta, por executar sem intempéries a função para a qual foi criada, passa boa parte de sua existência desapercebida pelas pessoas que se relacionam com ela (Meyer, 2018). O fato de não percebê-la também nos afasta da possibilidade de identificar outras funções para o artefato. O pensamento divergente, característico do Designer, amplia esta capacidade exploratória, manifestada aqui como o mkt do (não) conteúdo!
O que emerge?
Todo indivíduo tem consciência de que possui algo a ensinar?
Ensinar não é garantia de aprender.
Não sei muitas coisas que não sei.
Serendipidade pode ser exercitada.
Quanto mais sei, mais sei que não sei.
(ainda) não sei imitar o Silvio Santos, mas quem sabe você aprende:

Atividade realizada com base em: Meyer, G. Experimentação como Espaço Ambivalente de Antecipação e Proposição de Controvérsias. Revista Estudos em Design. Rio de Janeiro: v.26, n.1, p. 29-47, 2018.
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