Lidando com a complexidade

O protótipo explorado visa provocar reflexões sobre como pode ser desafiadora a trajetória do design que, da técnica e da materialidade, parte ao encontro de sua vocação social, e assim volta-se para o sentido imaterial, por meio de sistemas, redes sociotécnicas e experiências, onde construir significados e lidar com a complexidade passam a ser fatores elementares do trabalho do designer. O fogo foi considerado como elemento de representação da imaterialidade e os palitos de fósforo (dispostos em mesmo número nas três bases) como os múltiplos atores que compõem o campo a ser explorado e articulado pelo profissional, e neste sentido, criou-se o desafio de acender todos os palitos em tempo hábil até que o primeiro deles atingisse a base. Durante a construção do protótipo, foi possível experimentar diversas sensações como a incerteza, a ansiedade, e a decepção. Sentimentos que quando não administrados oferecem riscos ao processo de criação.

Durante o processo de experimentação surgiram dúvidas e constatações como:

“Qual palito alcançaria primeiro a base?”

“Haveria tempo hábil de acender todos os palitos até que o primeiro deles atingisse a base?”

“Nem todos os palitos acenderam”

“Palitos inclinados entraram em combustão mais rápido e conseguiram concluir com sucesso a sua trajetória”

“Palitos que estavam agrupados entraram em combustão mais rápido também”

“Foi necessário o acendimento de diversos palitos durante o processo de transmissão da chama”

Diante da experimentação realizada, constata-se a importância do protótipo na construção de estratégias, sendo considerado um instrumento de ensaio e crítica, passível de falhas, onde qualquer sentimento limitador que venha a surgir possa ser administrado e não interfira de forma significativa no processo criativo.

Protótipo realizado a partir do texto: Meyer, G. A Experimentação como Espaço Ambivalente de Antecipação e Proposição de Controvérsias. Revista Estudos em Design. Rio de Janeiro: v.26/n.1, p. 29–47. 2018.