Fios: diferentes caminhos e interações

Esse protótipo foi desenvolvido a partir de uma reflexão sobre o artigo “A experimentação como espaço ambivalente de antecipação e proposição de controvérsias” de Guilherme Englert Corrêa Meyer. Revista Estudos em Design. Rio de Janeiro: v.26/n.1, p. 29–47. 2018

Enquanto lia o texto, comecei a pensar o que prototipar. E como sempre, não consegui fugir da minha natureza, optando por desenvolver algo relacionado à moda, ao design têxtil. Pois, os fios não formam apenas tecidos, mas também contam histórias, e para mim são uma forma de se comunicar, se expressar.

Deste modo, a partir de uma experimentação de bordado livre, os fios foram se entrelaçando de diversas maneiras, seguindo diferentes caminhos e construindo significados.

Minha ideia inicial, foi fazer uma referência ao design focado no desenvolvimento de produto, através de uma linha reta e simples. Representando o design de artefatos técnicos, desenvolvido a partir de processos de projetação lineares com o intuito de resolver um problema, como foi mencionado no texto.

Contudo, apesar de simples, esse bordado também pode ser complexo. Formado pela união de diversos elementos (pontos de bordado) que passam despercebidos, formando uma linha contínua.

Assim, simbolizando os artefatos que aparentam ser mais simples, mas são formados a partir de uma conexão de diversos elementos que interagem entre si, como o exemplo da dobradiça, citado por Meyer.

Esse exemplo me fez refletir sobre a complexidade por trás dos objetos. Visto que, os sistemas podem estar presentes até mesmo nos itens mais simples, que no fundo são formados pela interação de diferentes componentes. Apesar disso, muitas vezes estes acabam sendo ignorados, e consideramos apenas o todo.

A seguir, o bordado dá continuidade a uma interpretação do texto, buscando exemplificar os sistemas e redes sociais. Para isso, foram utilizadas diferentes cores, representando a diversidade de pessoas e de sentimentos, que se relacionam dando vida ao sistema, como os diferentes fios que formam o bordado.

Para tal, as linhas se entrelaçam livremente, e em algum momento se cruzam. Todas interagindo em conjunto para formar o todo, fazendo parte do sistema.

Por fim, a última parte do bordado simboliza as diferentes interações das pessoas com os artefatos, que ocorrem com base no caráter, na personalidade e nas vivências de cada indivíduo. Fazendo referência ao exemplo da arma, apresentado no texto.

Dessa forma, cada linha colorida representa uma pessoa diferente, que se entrelaça nos fios prateados de um jeito particular. Simbolizando como cada pessoa é única e interage da sua própria maneira, tendo relações diferentes com os artefatos.

Essa foi uma interpretação utilizando o bordado livre, apresentando diferentes caminhos e interações entre o entrelaçamento dos fios. Simbolizando os diferentes caminhos e interações entre as pessoas e os artefatos.

- Victoria Dani Müller