Entre pensamentos emaranhados e atmosferas de inquietação, experiências

Protótipo I

Inquietação, atmosfera. De dentro de mim, de dentro da minha mente emaranhada, uma infinitude de sensações de onde surgem um processo criativo. Nesse processo, existe a democratização que permite a ação de cada ator. Eu, o papel, a tinta, os tecidos, as linhas, o algodão, a chuva lá fora, a sombra aqui dentro, a moda, cada um deles fala de uma forma diferente e possui uma necessidade de manifestação diferente. Esse é o processo aberto e incerto que deixei minha mente prototipar, uma mente sinesteta. A sinestesia é um distúrbio neuro sensorial que faz com que os sentidos  sejam “misturados”, exemplo, algumas pessoas sentem o sabor dos cheiros, enxergam cores nas palavras, têm algum tipo de sensação engatilhada por palavras específicas e etc. Essa mistura de sensações criam atmosferas que antes não existiam ali, mas a partir destes atores são criadas.

Através da mistura de materiais diferentes (algodão, aquarela, gabardine, pvc, tulle), nasceu em primeiro lugar um mundo sinestésico, onde as pessoas sentem todas as sensações misturadas o tempo todo. Mas não haviam materias para executar esse protótipo, então optei por caminhar pela minha forma de experimentar o mundo: a moda. Segui então o sentido do tato, misturando diferentes tipos de materiais que foram dispostos em um croqui de moda, para terem texturas diferentes, criando uma ligação com a pele, criando uma atmosfera tátil, criando uma atmosfera de inquietação. Não é uma atmosfera imposta, mas uma atmosfera sentida, livre, que se deixou ser criada, que se deixou ser manifestada. Da energia das coisas, dos atores que a compõem surge o protótipo. O protótipo da atmosfera. O protótipo de uma experiência sinestésica.