Eles fazem por nós... Será?

Protótipo 3

Um carro até pode te levar a locais mais distantes, mas a sensação do vento batendo no rosto quando se anda de bicicleta, ou de sentir a superfície do chão quando se está a pé, ele não nos dá. Um robô aspirador pode até aspirar o chão, mas muitas vezes cuidar onde ele vai e onde fica trancado dá mais trabalho do que aspirar ou varrer a casa. Entregar um tablet para uma criança que está chorando se distrair, às vezes pode até ser eficaz, mas nada substitui um bom diálogo, com trocas e afeto. A Alexa pode fazer diversas coisas para nós, mas não pode fazer por nós, assim como os outros itens citados.

Não sabemos mais viver sem a inteligência artificial e a tecnologia. Sim, elas são nossas aliadas em diversos momentos. Mas será que em alguns elas estão mesmo facilitando as nossas vidas? Será mesmo que tudo isso é a tal da “evolução”? Ou será que nos perdemos no meio do caminho…?

Diversas vezes, engolidos pelo mundo tecnológico acabamos por esquecer como fazer atividades básicas, como lidar com questões do dia a dia e esquecemos de coisas que talvez, quando nos dermos conta em um futuro não tão distante, eram o que realmente importavam. O texto traz a ideia de que o cuidado, em nossas ações, é muitas vezes esquecido e substituído por robôs e tecnologias que, cegos pela necessidade de comodidade e praticidade nesse mundo corrido, achamos que precisamos ter. Mas a verdade é que o cuidado é empatia, é curiosidade, é afeto e preocupação, é ter propósito e intenção em nossas ações, questões que dificilmente são bem exercidas por uma máquina. Agir buscando o cuidado é contribuir com o outro, é construir conexões que façam sentido, é ter empatia. É assim, agindo através do cuidado, que eu acredito que nós, designers, devemos agir perante o futuro.

Reflexões a partir do texto: PUIG DE LA BELLACASA, M. (2011). Matters of care in technoscience: Assembling neglected things. Social Studies of Science, 41(1), 85–106.